As leis secas são uma parte essencial de praticamente todos os concursos públicos, especialmente os da área jurídica. No entanto, muita gente trava quando chega a esse tipo de conteúdo, por achar que é preciso apenas decorar cada artigo, parágrafo e inciso. A boa notícia é que existe uma forma mais inteligente e eficaz de estudar leis secas: sem decorar mecanicamente, mas compreendendo e absorvendo o conteúdo de forma estratégica. Neste artigo, você vai aprender métodos práticos para estudar legislação de maneira eficiente e com retenção de longo prazo.
O que são leis secas e por que elas são importantes nos concursos
Leis secas são os textos legais publicados oficialmente, sem comentários ou explicações adicionais. Incluem constituições, códigos, estatutos, regimentos internos e leis complementares. Muitos concursos cobram o conhecimento direto dessas normas, inclusive com questões que replicam trechos literalmente.
A leitura direta da legislação é indispensável, mas apenas ler por ler não garante retenção. Por isso, é preciso estudar as leis de forma ativa, estratégica e contextualizada.
Por que decorar mecanicamente não funciona
Muitos concurseiros cometem o erro de tentar memorizar cada palavra do texto legal como se fosse uma música decorada. Esse tipo de memorização passiva tem dois grandes problemas:
- É esquecida facilmente com o tempo.
- Não prepara o candidato para interpretar variações de enunciado, pegadinhas e contextualizações nas provas.
A leitura mecânica, sem conexão com a compreensão do conteúdo, gera insegurança na hora da prova e baixa produtividade nos estudos.
Como tornar o estudo da lei seca mais eficiente
O primeiro passo é mudar o objetivo do estudo: não se trata de decorar, mas de entender a estrutura, o conteúdo essencial e a aplicação da norma. Isso muda completamente sua abordagem com o texto legal.
Confira as melhores estratégias para isso:
Comece pelas partes mais cobradas nos concursos
Nem tudo que está na lei é igualmente cobrado. Alguns artigos são presença constante em provas, enquanto outros raramente aparecem. Você pode usar estatísticas de provas anteriores, vídeos de professores e materiais gratuitos que apontam os artigos mais relevantes.
Priorize:
- Artigos que aparecem com frequência em questões.
- Princípios e definições.
- Disposições gerais e finais.
- Penalidades e competências.
Focar no essencial ajuda a construir uma base sólida antes de aprofundar.
Faça a leitura ativa do texto legal
A leitura ativa é aquela em que você interage com o conteúdo, questiona, grifa, resume e compara com o que já estudou. Evite apenas “passar os olhos” na lei. Em vez disso:
- Leia com atenção e tente entender o sentido prático de cada artigo.
- Grife palavras-chave (mas não exagere).
- Anote ao lado do texto, com suas próprias palavras, o que aquele trecho está dizendo.
- Releia em voz alta e tente explicar o conteúdo como se estivesse ensinando alguém.
Essa leitura ativa aumenta muito a compreensão e ajuda a evitar o esquecimento.
Estude em conjunto com questões comentadas
As questões ajudam a identificar como os examinadores cobram os textos legais. Ao fazer questões, você percebe:
- Quais artigos são mais explorados.
- Como a lei é “torcida” em pegadinhas.
- Qual a linguagem típica das bancas.
Estude assim:
- Leia um trecho da lei.
- Faça de 3 a 5 questões relacionadas àquele trecho.
- Leia os comentários das respostas, principalmente os erros.
- Volte ao artigo e veja se sua interpretação estava correta.
Essa prática cria conexões entre leitura e aplicação real do conteúdo.
Use marcações e cores com propósito
Muitas pessoas sublinham e destacam tudo — e isso é inútil. Use marcações com inteligência:
- Amarelo para palavras-chave.
- Azul para conceitos e definições.
- Vermelho para exceções e artigos que costumam causar confusão.
- Verde para artigos frequentemente cobrados em prova.
Com o tempo, seu material fica mais visual, prático e eficiente para revisões rápidas.
Resuma a lei com esquemas visuais
Transformar os artigos da lei em esquemas, tabelas ou mapas mentais é uma forma excelente de fixar o conteúdo. Ao fazer isso, você organiza a informação, filtra o que é mais importante e cria gatilhos visuais que facilitam a memorização.
Exemplo:
- Em vez de apenas ler o artigo 37 da Constituição, crie um esquema com os princípios da administração pública (LIMPE).
- Use quadrinhos, setas, blocos e palavras-chave para resumir capítulos inteiros.
A prática de desenhar o conteúdo força o cérebro a processar e armazenar melhor as informações.
Faça revisões periódicas e espaçadas
Não adianta ler a lei uma única vez. A memorização é consolidada com revisões. A técnica de repetição espaçada funciona bem com legislação.
Sugestão de cronograma:
- Leia hoje.
- Revise amanhã (24h).
- Revise na próxima semana (7 dias).
- Revise novamente depois de um mês (30 dias).
Você pode usar planilhas, aplicativos de revisão (como o Anki) ou alarmes no celular para lembrar das datas.
Grave áudios ou ouça podcasts com leitura da lei
Algumas pessoas têm mais facilidade com o aprendizado auditivo. Você pode:
- Gravar a si mesmo lendo os artigos e ouvir durante deslocamentos.
- Usar podcasts de leitura de leis disponíveis em plataformas de streaming.
- Ouvir as leis enquanto faz atividades repetitivas (como arrumar a casa).
O objetivo é manter contato constante com a legislação, mesmo fora da mesa de estudos.
Tenha contato diário com a lei seca
Inclua a leitura da lei seca na sua rotina todos os dias, nem que seja por 15 minutos. O ideal é começar ou terminar o estudo com essa leitura, como uma forma de treinar o cérebro a lidar com a linguagem jurídica e estruturar o raciocínio exigido nas provas.
Aprender leis é uma construção progressiva
Entender a lei seca não acontece da noite para o dia. É um processo que envolve:
- Leitura constante.
- Contato com provas reais.
- Revisões inteligentes.
- Compreensão do contexto.
Com o tempo, você vai perceber que ler a lei deixa de ser um sofrimento e se transforma em um hábito natural, prazeroso e altamente produtivo.